19 de maio de 2010

4º dia Navarrete - Ages

  • Distancia - 89,65km
  • Tempo - 7:56h
  • Acumulado subidas - 1.781m
  • Velocidade média - 11,7km/h

Apesar da confusão no albergue e do vinho na noite passada foi uma noite bem dormida.
Às 7:30 estava a pedalar, o percurso desenrola-se em estradões largos e rápidos mas quase sempre a subir. Passei por muitos peregrinos a pé que por o piso ser bom optam por levar as mochilas em carros tipo troley. Ao passar por um desses grupos ouvi “cuidado bicicleta” e parei de imediato, eram dois Portugueses.


Apresentações feitas chegamos à conclusão que vivemos na mesma cidade a cerca de um km um do outro. "BUEN CAMINO" Sr. Brandão.





 
A paisagem continua a ser dominada pelas vinhas e campos de cereais, não existem sombras e as distâncias entre povoações são grandes o que torna os abastecimentos mais complicados.
Durante três dias não tive necessidade de comprar água, existem imensas fontes com água potável mas hoje o cenário estava a mudar. Talvez por esta situação, colocaram no meio do "deserto" uma “área de descanso” – água, mesa para refeições e umas espreguiçadeiras engraçadíssimas. 
Nestes pormenores vê-se a importância que os Ayuntamentos dão ao Caminho de Santiago principalmente como fonte de receitas e de desenvolvimento, o Caminho é percorrido não só por um acto de fé mas também pelo turismo cultural e  Espanha aproveita muito bem esse aspecto. Existe uma serie de serviços, difíceis de imaginar, sempre ao dispor dos peregrinos. Neste últimos dois dias tenho passado por imensas pessoas a caminhar sem mochilas, os chamados “peregrinos light”, achei muito estranho e quando perguntei a um Espanhol explicou que existe um serviço de táxi-carga que transportam as mochilas de albergue em albergue com toda a segurança.
Voltando ao meu caminho, ter saído mais cedo estava a resultar, até à paragem para almoço em Grahon percorri 50km. Estava imenso calor e havia a subida aos Montes de Oca para fazer, são 15km sempre a subir até aos 1.200m de altitude e nos últimos 3 a coisa complica-se, felizmente existem algumas sombras. 
No cume a vista é fabulosa com os montes em redor cobertos por neve. Como se sabe depois de uma subida vem uma descida e esta bem perigosa – é um estradão em gravilha com muita inclinação que termina numa passagem estreita e depois a subida é uma autêntica parede que  é feita a pé empurrando a bike Superado este obstáculo foi sempre pedal a fundo até San Juan de Ortega onde pretendia ficar a dormir mas como o albergue estava completo, pedalei mais uns 3 km até Ages. O Albergue municipal é bastante agradável com a vantagem de ter restaurante e serviço de pequeno-almoço. No albergue estava um grupo de 6 Coreanos com quem estive a conversar e como estou um pouco constipado ofereceram-me uns comprimidos. Não faço ideia do que seja mas espero que funcione. A partilha e entreajuda tem sido até hoje as grandes lições de vida do Caminho.
 Quando estava a lavar a roupa chegou o José, um dos Espanhóis com quem tinha andado ontem, que entretanto tinha decidido separar-se do Luis.

1 comentário:

  1. Grande aventura. Parabéns pela fantástica jornada e, sobretudo pelo relato incrível que aqui nos deixaste. Eu próprio ando com vontade de fazer o caminho frances de bicicleta e depois de ler o teu relato fico ainda com mais vontade.
    Parabéns

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